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Seminário discute práticas docentes nas escolas

Data da publicação: 12 de outubro de 2022 Categoria: Sem categoria

O Lepec organizou o primeiro Seminário de Práticas Docentes, que ocorreu no dia 03 de outubro de 2022, durante os turnos da tarde e noite. Liderado pelo professor e pesquisador do laboratório, Willams Lopes, que atualmente ocupa a Coordenação dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado Diurnos de Ciências Sociais da UFC, o evento discutiu a docência a partir da perspectiva da saúde laboral, da prática de estágios e da experiência docente articulada aos estagiários. O objetivo foi municiar os estudantes da Licenciatura em Ciências Sociais em suas formações docentes para o ensino de Sociologia na Educação Básica e o seminário ocorreu no Auditório Luiz de Gonzaga no Departamento de Ciências Sociais da UFC e foi transmitido ao vivo pelo canal do Lepec no YouTube.

O evento foi aberto às 14h com a mesa Organização do trabalho docente na educação básica: características do adoecimento docente e formas de resistência, apresentada pelo professor Márcio K. Pessoa, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), que é egresso das Ciências Sociais da UFC e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, e que trabalhou quase uma década como professor da rede estadual de educação do Ceará. A mediação da mesa foi feita pelo professor e pesquisador do Lepec, Domingos Abreu.

O professor apresentou um conjunto de pesquisas que vem realizando sobre o adoecimento docente, inclusive, no contexto da pandemia de Covid-19, que reúne dados secundários fornecidos pela própria Secretaria de Educação do Governo do Ceará e dados primários recolhidos em campo, em entrevistas e questionários com professores e ex-secretários da SEDUC. Os resultados lançam uma atenção especial aos professores de ocupação temporária que, em vários momentos da contextualidade recente, representaram praticamente a metade do efetivo de docentes da rede estadual de educação.

Suas pesquisas mapeiam que enquanto a carreira docente regular se estende por 20 ou 30 anos de trabalho profissional, a presença dos temporários na rede muito raramente ultrapassa os dez anos de trabalho. Isso quer dizer, em suas palavras, que o sistema “expulsa” os temporários após uma década de serviços, mas por que isso acontece?

As hipóteses do professor recaem sobre o adoecimento, pois percebe que os professores efetivos vão acumulando uma série de adoecimentos ao longo de suas carreiras, particularmente relacionadas à voz e à postura corporal, ou seja, efeitos físicos no corpo. Entretanto, como efetivos, os docentes recorrem aos recursos legais que lhes permitam tratar seus problemas de saúde e manter a atividade profissional, como licenças médicas, e em casos extremos, a realocação para outras funcionalidades na própria escola, como atuação na sala de multimeios, e mais raramente, em funções administrativas na Secretaria de Educação.

Aos professores temporários não são garantidos esses direitos trabalhistas, em vista de sua condição precária de contratação via contratos temporários, o que pode ser um componente para que os professores se afastem da função docente na medida em que exercem suas atividades ao longo do tempo e acumulam efeitos do adoecimento.

A pesquisa do prof. Márcio Pessoa ainda está em andamento e ele pretende aprofundar o que acontece com os professores temporários após os 10 anos de exercício profissional. De qualquer maneira, seus estudos são essenciais para pensar uma lógica de saúde laboral aos docentes de um modo geral e a preparação dos profissionais para enfrentar os efeitos do tempo sobre sua ação laboral.

Sua fala foi seguida por uma série de questões levantadas pela plateia no debate. A mesa está disponível no Canal do Lepec do YouTube no link: https://www.youtube.com/watch?v=UD8atODz0F8

Após uma pausa de 15 minutos, o Seminário prosseguiu com sua segunda mesa, chamada Experiências Discentes nas Práticas do Trabalho Docente, às 16 horas, apresentada por Lara Silva, Bruno Sousa, Nicole Brito e Gabrielle Menezes, estudantes da Licenciatura em Ciências Sociais da UFC para relatar suas experiências de Estágio Docente. A mediação foi do professor Willams Lopes.

Lara Silva mencionou a descoberta do encanto pela docência e sua manifestação nos professores que atuam efetivamente nas escolas e como precisou mudar de escola na qual realizava seu estágio porque ficou desapontada pelo desempenho do professor de Sociologia, que não era formado na área, mas em História.

Bruno Sousa também mudou de escola em que realizava seu estágio, neste caso, mais de uma vez, em busca de uma boa experiência docente, e relatou sua experiência em uma escola militar e a tensão entre disciplina e disposição, além da performance do professor preceptor para garantir o interesse dos estudantes em Sociologia por meio de estratégias lúdicas.

Nicole Brito destacou a aproximação com os estudantes por meio de identificação e afetos e a experiência de realizar uma regência “precoce” por meio de uma demanda emergencial da escola e como avalia que não foi uma boa experiência por não estar tão bem preparada, o que chama à atenção à necessidade do “treino” dos licenciandos em seus cursos antes de iniciarem suas regências.

Gabrielle Menezes destacou como a experiência docente se estende para além da sala de aula em outras atividades, como reuniões, eventos, projetos etc. No caso da docência, mencionou a necessidade de estratégias pedagógicas distintas para as especificidades de cada turma e os efeitos da pandemia no quadro educacional.

A mesa foi finalizada com um debate com participação da plateia. A mesa pode ser assistida no link: https://www.youtube.com/watch?v=XibWWVqjMdE

Após um intervalo um pouco mais longo, se iniciou a etapa final do seminário, às 18h30min com a mesa O estágio curricular obrigatório na perspectiva dos/as professores/as de Sociologia, com participação de docentes efetivos de Sociologia da rede pública estadual: Fernanda Lemos, Beatriz Forte e Leonardo Lima. A mesa foi mediada pelo professor pesquisador do Lepec, Irapuan Peixoto. 

A professor Beatriz Forte, egressa da Licenciatura em Ciências Sociais da UFC e mestranda do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO) e relatou sua própria formação que foi permeada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e a reprodução das acolhidas dos estagiários nas escolas, bem como a necessidade dos professores em conhecer os jovens estudantes e ouvi-los e incorporar esse conhecimento em estratégias pedagógicas.

Leonardo Lima, egresso da Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE), destacou que os estagiários trazem inovações à escola e à docência e servem como um processo de renovação do professor e suas práticas, ao mesmo tempo em que o aprendizado de “ser professor” termina se dando muito mais na prática docente efetiva do que nos bancos da universidade.

Fernanda Lemos, também egressa da Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e mestra em Sociologia pelo Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO), ressaltou que ser professor é troca e que é preciso sensibilidade do docente ao que recebe dos estudantes. Observou como há uma mudança geracional na medida em que os jovens de agora são mais marcados pela violência da sociedade e uma dada impaciência em sala de aula relacionada ao uso das tecnologias e da internet.

Houve um longo debate com a participação da plateia após as falas em um momento muito rico. A mesa pode ser assistida no link: https://www.youtube.com/watch?v=mPVfl8j7_GQ

 

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