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Professor do Lepec comenta patrimônio histórico de Fortaleza em reportagens do Diário do Nordeste

Data da publicação: 17 de setembro de 2020 Categoria: Sem categoria

A cidade de Fortaleza foi abalada pela notícia do incêndio do Casarão dos Fabricantes, um dos edifícios mais antigos da capital cearense, ocorrido em 05 de setembro de 2020. A bela casa de estilo eclético, localizada no Centro da cidade, foi construído em 1830 como residência de Joaquim Inácio da Costa Miranda, um pintor famoso na época. Localizada ao lado da Catedral da Sé e defronte à 10ª Região Militar (que por sua vez se localiza onde esteve a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que deu origem à cidade), a construção abrigou posteriormente o Hotel Avenida, a Câmera dos Vereadores e a Prefeitura Municipal de Fortaleza, e desde 2018, funciona como equipamento comercial para a venda de produtos têxteis, servindo como apoio ao Mercado Central (da qual é vizinho) e à Feira da Rua José Avelino.

O evento trouxe ao debate público mais uma vez o tema do patrimônio público, que foi capitaneado por uma série de reportagens do jornal Diário do Nordeste. Tendo em vista que o patrimônio púbico é uma das linhas de pesquisa do Lepec, o jornal procurou o professor e pesquisador do laboratório, Willams Lopes, para discutir a questão.

A reportagem do dia 12 de setembro (leia aqui), chama a atenção ao fato de que 60% dos prédios tombados na cidade se localizam no Centro. O texto original diz:

São locais como a Casa Frei Tito de Alencar, o Hotel Excelsior, o Conjunto Educacional do Centro, a Escola Jesus Maria José, os colégios Justiniano de Serpa e Imaculada Conceição, a Igreja Pequeno Grande, as Caixas D’água da Faculdade de Direito e o Colégio Liceu do Ceará.

“A população de Fortaleza circula por esses espaços; o próprio Casarão era um espaço de grande circulação, mas nós temos de nos perguntar: será que as pessoas se dão conta da história dessas edificações, da importância simbólica desses espaços para nossa memória?”, questiona o professor Willams Lopes, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

(…) Na análise de Willams Lopes há a necessidade de reforçar equipes dedicadas exclusivamente para ações de valorização e monitoramento destes bens históricos, além de informar à sociedade cearense sobre a relevância dos imóveis. “O que aconteceu com o Casarão dos Fabricantes mostra que o tombamento é um recurso importante, mas ainda insuficiente se não for acompanhado de ações que visam a manutenção e a conservação. Mostra também a necessidade de mais investimentos em políticas voltadas para valorização dos bens históricos e culturais”, destaca.

(…) A concentração destes imóveis no Centro da cidade ajuda a aproximar as pessoas do patrimônio público e desperta a necessidade de atenção especial. O sociólogo Willams Lopes conclui que “esses bens são representativos da memória coletiva de uma parte significativa da sociedade”.

“O Casarão dos Fabricantes é uma edificação que possui essas características, além de ser um edifício antigo, da primeira metade do século XIX, e a sua relevância se amplia quando olhamos o prédio à sua volta. Como a Catedral, o Forte, o Palácio do Bispo, o Bosque Pajeú, todos situados no Centro. É importante destacar que esse tombamento é um recurso que reconhece as características e relevância desse imóvel, mas ao mesmo tempo contribui para a valorização e preservação”, indica.

Já a matéria do dia 13 de setembro (leia aqui) chamava a atenção para o fato de que alguns imóveis históricos de reconhecido valor material e cultural aguardam há décadas pelo tombamento definitivo e correm o risco de serem modificados ou destruídos, citando, inclusive, casos de bens já tombados que, mesmo sob a proteção legal, chegaram a ser destruídos.

O texto do Diário do Nordeste dizia:

Mas o que caracteriza um imóvel para que ele seja tombado? “A importância histórica, artística, suas características arquitetônicas ou até mesmo paisagística, e a relevância cultural. Esses bens são representativos da memória coletiva de uma parte significativa da sociedade”, explica o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFC, Willams Lopes.

“Em Fortaleza, e em várias cidades do Brasil, o tombamento se tornou um sinônimo de preservação. De fato, o que nós temos ainda de edifícios (históricos) se deve em grande parte ao recurso do tombamento. Ele é importante, mas é insuficiente porque não garante outras ações necessárias que visam a conservação e manutenção.”

 

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