Aluno do Lepec defende Dissertação sobre Ensino de Sociologia e o uso de filmes de super-heróis
Data da publicação: 25 de agosto de 2020 Categoria: Sem categoriaNo dia 20 de agosto de 2020, o pesquisador do Lepec, Paulo de Tarso Servílio Filho, defendeu sua Dissertação no Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio), da UFC, com o trabalho intitulado “Por que tão sério?”: O uso didático e pedagógico da produção cinematográfica do gênero de super-heróis no ensino de Sociologia. A defesa ocorreu às 15h por meio da plataforma Google Meet, através de link previamente compartilhado, como forma de manter o isolamento social por causa da pandemia global da Covid-19.
O trabalho de Paulo desenvolve os resultados de uma intervenção pedagógica realizada em duas escolas públicas de Tempo Integral em bairros das periferias de Fortaleza (Messejana e José de Alencar), através de uma disciplina eletiva que usou os filmes de super-heróis como uma forma de discutir conceitos da Sociologia, como trabalho, alienação, sistema capitalista, poder, gênero, diversidade, representatividade, dentre vários outros. O estudo analisou ainda a forma como os jovens captavam os longametragens ou séries de TV e conseguiam desenvolver a compreensão dos complexos conceitos sociológicos por meio de um veículo cultural ao qual se interessavam bastante. O autor analisou a percepção e o gosto dos jovens antes e depois do trabalho com os filmes em sala de aula e percebeu que, enquanto o interesse nos filmes ou séries não cresceu de modo destacado ao longo do processo; o interesse em Sociologia e a compreensão dos conceitos teóricos da disciplina aumentou bastante.
O resumo do trabalho é o seguinte:
As Ciências Sociais ocupam, na educação básica, um espaço de pouca expressão, em comparação com os demais campos do conhecimento que formam seu currículo. A disciplina de Sociologia cumpre a função de representar as Ciências Sociais, estando presente, de forma obrigatória, apenas no Ensino Médio e com um histórico de intermitência quanto a sua obrigatoriedade e até presença na educação básica. O contato do estudante da escola média com a Sociologia precisa passar pelo olhar da escola sobre esse jovem. As formas de identidade e o conjunto de signos culturais que a diversidade de jovens apresenta à escola, dão margem para abordagens também diversas do saber sociológico. A intervenção pedagógica apresentada objetivou fomentar o raciocínio sociológico dos estudantes a partir das produções cinematográficas, filmes e séries, do gênero super-heróis. A temática escolhida partiu de observações e conversas do professor autor da intervenção com estudantes sobre a forma como encontravam identificação e distanciamento da realidade, ao mesmo tempo, nas histórias de super-heróis produzidas em filmes e séries na última década. A intervenção se estruturou em uma sequência didática aplicada em duas turmas, compostas por alunos das três séries do Ensino Médio, de duas escolas estaduais de Fortaleza/CE. A proposta de considerar saberes e signos representativos eleitos pelos jovens e levados à escola, se apoia nos textos de Carrano (2009) e Lima Filho (2017), principalmente. Dentro da temática escolhida se tem como base os trabalhos dos sociólogos Nido Viana (2005) e Amaro Xavier Braga Junior (2010), que aprofundam a discussão sobre super-heróis no uso pedagógico e didático. O impacto social que justifica a relevância do tema é problematizado nas discussões de autores como Benjamim (1983) e Certeau (1998), por exemplo. A intervenção se deu por meio de disciplinas eletivas ministradas em escolas públicas de tempo integral e teve como resultados a apropriação, por parte dos estudantes, da Sociologia como saber sistematizado e científico, para o estudo de questões pertinentes ao seu mundo, a partir da mesma prática aplicada às obras do gênero super-heróis, trabalhadas na disciplina eletiva.
A pesquisa e intervenção foi orientada pelo professor Irapuan Peixoto Lima Filho, que também é o coordenador do ProfSocio da UFC; e a banca foi composta pela professora Danyelle Nilin Gonçalves (membro interno do Programa) e Ronaldo Baltar (da Universidade Estadual de Londrina, UEL, membro externo ao Programa). O trabalho foi aprovado com muitos elogios, descrito como uma Dissertação modelo a ser lida e usada por outros estudantes, e foi conferido a Paulo o título de Mestre em Sociologia.
Vale o lembrete de que o ProfSocio é um Mestrado Profissional voltado para a qualificação dos professores de Sociologia na Educação Básica e compõe uma rede de 9 universidades brasileiras, espalhadas pelo território nacional.