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Seminário do Lepec discute as cidades a partir da sociabilidade e da renovação

Data da publicação: 28 de fevereiro de 2018 Categoria: Sem categoria

Nos dias 27 e 28 de novembro de 2017 ocorreu o Seminário Novas Sociabilidades Urbanas: Espaço Público e Renovação das Cidades, na qual foram apresentadas as pesquisas em andamento do Lepec e também o diálogo com pesquisadores parceiros.

O Seminário contou com Abertura do sociólogo Rogério Proença, da Universidade Federal de Sergipe e nome de referência internacional na discussão das cidades; compondo uma mesa redonda com a professora Irlys Barreira, coordenadora do Lepec.

A palestra Usos e Contra-Usos: Revisitando sociabilidades urbanas de Rogério Proença abordou a categoria de contra-usos, desenvolvida pelo pesquisador, na qual os espaços públicos da cidade ganham ressignificação a partir dos modos como são usados pela sociedade, independente de suas “funções” originais. Desse modo, assume caráter de resistência e enfrentamento de grupos específicos contra determinados usos pensados, por exemplo, pelo poder público. Também abordou os temas de gentrificação e o conceito de sociedade da transparência, desenvolvido por Byung-Chul Han.

Domínios do Espaço Público: Conflitos e Reinvenções de Irlys Barreira abordou a temática de esfera pública e espaço público, especialmente, nos novos usos do espaço público e a tensão de sua não-homogeneização, por meio de resistências à segregação, por exemplo. A autora apresentou a pesquisa em andamento do Lepec sobre os novos usos do espaço público, na qual grupos sociais se apropriam de determinados espaços para atividades específicas, criando demandas e tensões ao poder público; e como isso é um fenômeno muito forte e interessante em Fortaleza, na atualidade.

Por fim, Willams Lopes fechou a mesa com a palestra Espaço Público e Requalificação: A Praça dos Mártires, na qual abordou o espaço de Fortaleza conhecido popularmente como Passeio Público e as transformações em seu uso criadas a partir da intervenção do poder público, num esforço de assepsia, forjando em resultado, uma disputa entre vários atores que faziam (e fazem) usos distintos do espaço.

Após um bom debate, que trouxe em pauta questões como as megacidades e os ciclos econômicos do capital contemporâneo, a programação sofreu um intervalo e retomou às 18h30 com a segunda sessão. Agora, uma mesa redonda com a professora da UFRN Tereza Nobre e o professor da UFAM Benedito Carvalho, que realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. A professora Lúcia Bogus da PUC-SP também estava programada para a noite, mas adoeceu e precisou cancelar sua vinda. A mesa foi mediada pelo professor Irapuan Peixoto, do Lepec.

Tereza Nobre abordou as sociabilidades complexas das pessoas em situação de rua nas grandes cidades, problematizando conceitos de apartheid por ausências e desterritorialização, ao mesmo tempo em que tal condição gera uma reinvenção de si e do mundo. Benedito Carvalho abordou os problemas do capital imobiliário no mundo contemporâneo, desenvolvendo reflexões sobre o conceito de cidade de chegada de Stephen Sander e a ideia de uma era do capital improdutivo, que é discutida por autores como Ladislau Dowbor e Bruce Cronin.

No dia 28 de novembro, às 9h, o Seminário teve sua terceira sessão, com participação da professora do Lepec, Danyelle Nilin Gonçalves; a também professora pesquisadora do Lepec, Geísa Mattos; e o professor da Universidade Estadual do Ceará e pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC, Igor Monteiro.

Igor Monteiro apresentou suas pesquisas no campo da sociabilidade na cidade, enfocando os grupos de capoeira que se organizam nas periferias da cidade e se tornam, inclusive, palco de fluxos turísticos inusitados, por meio de um circuito específico de turismo mobilizado por marcadores culturais ou sociais. Vindo de uma pesquisa sobre turistas mochileiros, analisou como os fluxos e as sociabilidades nas cidades são impactados por novas situações criadas pela mundialização. Geísa Mattos abordou o conceito de racialização por meio dos moradores de favelas do Rio de Janeiro, analisando uma nova condição de segregação imposta por marcadores sociais que são manipulados pelos agentes de diferença. Danyelle Nilin Gonçalves apresentou os resultados de sua pesquisa sobre mulheres frequentadoras das academias ao ar livre na cidade de Fortaleza, refletindo sobre os novos usos do espaço público, a mobilidade dos corpos na cidade e como a questão de gênero se coloca perante isso numa contextualidade de violência.

Por fim, a quarta e última sessão do Seminário se deu no dia 28, às 18h30, contando com o professor do Lepec Irapuan Peixoto; a professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFC, Clelia Lustosa; e o professor de Arquitetura e Urbanismo da UFC, Renato Pequeno.

Clelia Lustosa abordou a interface entre meio ambiente e higienização na história de Fortaleza, o modo como a cidade foi sendo transformada ao longo do tempo por um processo de mudança constante, que acompanha as descobertas científicas, e media os interesses do poder público e do capital imobiliário, causando por muitas vezes conflitos sociais. Renato Pequeno discutiu os processos de ocupação e remoção de famílias em Fortaleza, por meio das obras estruturais de intervenção da Copa do Mundo de Futebol da FIFA de 2014 (que teve Fortaleza como uma das subsedes), dos grandes projetos de intervenção e requalificação dos espaços (realizados pelo poder público e pela iniciativa privada) e analisou como programas governamentais como o Minha Casa, Minha Vida terminaram se transformando em instrumentais de tais processos. O professor Irapuan Peixoto discorreu sobre a problemática da mobilidade urbana nas grandes cidades do mundo e trouxe o problema para Fortaleza, analisando a ação do poder público (especialmente o municipal) em obras estruturais para solucionar o problema e na reação de movimentos organizados e de ações espontâneas da população que geram fenômenos como a ampliação do uso das bicicletas pela classe média.

O Seminário foi encerrado após intenso debate, que envolveu a participação de vários dos palestrantes anteriores, como Irlys Barreira e Benedito Carvalho, pensando particularmente uma questão de fundo que apareceu na maioria dos trabalhos expostos: a ação do capital imobiliário como estratégia do grande capital de conseguir dividendos e manter o poder econômico numa era de capital industrial enfraquecido e capital financeiro instável.

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